o relogio nao para

A culpa é de nós todos

amigo

 

 

 

o relógio não para


Tua foto no álbum,teu cheiro mistura-se com o ar. Torna-se impossível respirar.
Eu desenho um sorriso do passado. Tenho medo, mas acompanho cada passo teu, que tu deixaste nos cantos da minha casa. Eu vou beber do teu copo. Beijo as imagens imaginarias onde tu estas. Sem dor, volto lentamente ao presente.
Os ponteiros do relógio dão sinais de vida, girando cada vez mais rápido.
Saio para a rua, onde me misturo com as criaturas perdidas. Eu ando sem senso de direção a seguir. Chego às estradas estreitas, os becos sem saída obrigam-me teimosamente a recuar.
Tudo o que tenho comigo é uma tshirt do Che Guevara, rasgada, suja, colada no corpo. tenho uma caneta no bolso de trás, a tinta na ponta e um papel amassado entre os meus dedos.
Vou ao jardim (nada de especial, só ao jardim). Deito-me na relva e observo o sol.

Relembro meu passado (como sempre fiz, como sempre faço). Pego numa caneta e escrevo palavras "sem sentido".
Uma folha de papel, rasgo em pedaços e deito fora (não sei bem porque, apenas faço).
Balbucio palavras sem sentido.
Mas a tua lembrança...
Ah, quão importante para ti as minhas loucuras, as minhas ações, o que eu disse ou fiz.
Lembro-me tu mudares cada gesto meu, cada palavra minha (por mais idiota que eu fosse) e transformá-los em pequenas luzes que iluminavam a noite inteira.
Eu levanto-me e volto para minha casa. Olho em volta e vejo coisas espalhadas pelo chão: livros, as tuas cartas, a tua correspondência (e não queria arrumar para me lembrar de ti sempre que passo pela casa).
Enrolo-me no lençol e observo a luz suave que entra pela janela do meu quarto. Estou sentado nu no chão, parte de mim está derramando (o que sinto por ti, ou o que acho que sinto por ti).
Relembro meu passado (como sempre fiz, como sempre faço). Pego uma caneta e escrevo palavras "sem sentido".
Uma folha de papel, rasgo em pedaços e jogo fora (não sei bem porque, apenas faço).
Estou falando besteiras sem sentido.
Mas sua lembrança...
Ah, quão importante você pensou minhas loucuras, minhas ações, o que eu disse ou fiz.
Lembro-me de você mudar cada gesto meu, cada palavra minha (por mais idiota que eu fosse) e transformá-los em pequenas luzes que iluminavam a noite inteira.
Eu me levanto e volto para minha casa. Olho em volta e percebo coisas espalhadas pelo chão: livros, suas cartas, sua correspondência (e não queria me limpar para lembrar de você toda vez que passo pela casa).
Enrolo-me no lençol e observo a luz suave que entra pela janela do meu quarto. Estou sentada nua no chão, parte de mim está derramando (o que sinto por você, ou o que acho que sinto por você).
Crio sombras inexplicáveis, os mortos que caminham sobre a minha pele, deixando marcas de suas vidas.
A luz do dia acabou, a escuridão da noite mergulha na minha intimidade (já tirada).
O íbis cristalino entra em mim, movendo-se por todas as minhas veias, levando-me à loucura total.
Não me mexo de forma alguma, tenho medo até que liberte dentro de mim e as coisas se tornem compreensíveis para mim e para o mundo. Cansei de te procurar no vazio da noite e na mais profunda solidão.
Volto a desenhar, mas desta vez o desenho é real: os sorrisos que passam na frente da minha casa.
Lembro-me de ti, permitindo que o mar não seja fantasia ou inavegável, mas de alguma forma doce e terno, permitindo que o tique-taque do relógio seja agradável. Lembro-me de ti, deixando o íbis cristalino para voar entre os corpos perdidos, as sombras, perdidos no vazio da vida - e entre os animais tristes, momentâneos, inexplicáveis.
tu podes não ser apenas uma loucura, mas uma doce lembrança que escondo e teimosamente guardo numa gaveta do meu armário.

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